04 novembro 2008
22 maio 2007
19 maio 2007
Possible
é mais real que aquilo que nós podemos apreender
Curadoria
Ana Luísa Barão
Artistas
Ana Guedes
Ana Torrie
André Alves
Carla Capela
Carlos Pinheiro
Dinis Santos
Emanuel Santos
Marta Bernardes
Nuno de Sousa
Pascal Ferreira
Inauguração a 26 de Maio
19h-23h
Patente até 29 Julho 2007
Entrada gratuita
CAPC, Círculo de Artes Plásticas. Parque de Santa Cruz
_exposição
_obras
Ana Guedes
Portable cinemas advanced kit – Paradise Edition, 2007
Estrutura metálica, lona, carrinho de golf, e projector super 8 Super Cinexin
Carrinho de golf: 66x116x85
Estrutura: 100x100x300 cm
André Alves
Apaixonei-me por uma longínqua distância, 2007
Vídeo; 03'15"; cor, som.
Instalação (materiais diversos)
Dimensões variáveis;
Ana Torrie
Se bem me lembro..., 2007
Caneta, ecoline e tinta-da-china sobre papel
Dimensões variáveis
Carla Capela
Lugar de estacionamento portátil, 2006
Impressões a cores, tapete de borracha e Vespa pk de 1991.
Dimensões variáveis
Carla Capela
O meu Castelo de Areia, 2006
Impressões a cores, areia, contraplacado marítimo, dobradiças, fechos, cerâmica cozida
Dimensões variáveis
Carlos Pinheiro
Pensare, 2007
Grafite, papel
Dimensões variáveis.
Emanuel Santos
Vitrina portátil (biblioteca), 2006
Madeira, cartão, tinta acrílica
34x24x21,5 cm
Emanuel Santos
Vitrina portátil (galeria), 2006
Madeira, cartão, tinta acrílica
34x24x21,5 cm
Emanuel Santos
Vitrina portátil (filatélica), 2007
Madeira, cartão, tinta acrílica
34x24x21,5 cm
Emanuel Santos
Espaço cenográfico portátil, 2006
Madeira, tinta acrílica
32x20x20 cm
Marta Bernardes
S/título, 2006
Vídeo digital, Mini DV, DVD
Dinis Santos/ Marta Bernardes
S/título, 2005
Vídeo digital, Mini DV, DVD
Nuno de Sousa
Livro Aberto, 2006
Livro encadernado, plinto, 50 folhas arrancadas do livro; desenhos a tinta-da-china sobre papel
Livro (21,3x14,7 cm); Plinto (100x25 cm); 90 Desenhos (área total: 250x75 cm)
Pascal Ferreira
Tenho a certeza que maior parte das vezes fico para sempre perto de ti, 2006
MDF, Madeira Pinho, Metal, Resina de Poliuretano, Areia, Esmalte Forja.
90x160x70 cm
_biografias
28 dezembro 2006
3+3 na Galeria Sete - Coimbra
Strategie de la Rupture. Ditos e Interditos de um Divórcio,
2006
Canas, rolhas, câmaras de ar, vidro, papel, madeira
45 x 220 x 190 cm
“O tema do divórcio é áspero, tem arestas. Sugere mal-estar, sofrimento. Representa o oposto da ideia positiva associada ao enamoramento e à paixão. Significa o fim de uma promessa, de um projecto, da partilha de um ciclo de vida”.
Anália Cardoso Torres
“Cortar amarras. Uma tentativa de compreensão da realidade”
Casamento, compromisso, acordo, união, partilha, divórcio, ruptura, irresponsabilidade, falha, desunião são alguns dos conceitos explorados por Anália Cardoso Torres no livro “Divórcio em Portugal, Ditos e Interditos: uma Análise Sociológica”e que serviram de ponto de partida para o projecto “Strategie de
Miguelangelo Veiga
Miguelangelo Veiga
2006
Grafite e tinta-da-china sobre papel
Encenado no espaço galeria como no seu próprio atelier Miguelangelo Veiga parte de formas, sombras e textos, fruto de investigação visual e literária para desenhar um percurso que o conduz às pinturas que apresenta como parte deste projecto. Texto e desenho assumem igual importância. Ambos funcionam como base da informação que conduz à pintura. O desenho é o processo, uma espécie de manual daquilo que é a pintura para Miguelangelo. A depuração surge depois, como fórmula de acessibilidade para quem observa a instalação. Um olhar atento detectará incorrecções de perspectiva que são intencionais e descontraídas. Para o autor, as formas correctas, as que seguem as leis da perspectiva ou quaisquer outras normas impositivas são um beco sem saída e é muito mais interessante desenvolver um percurso a partir de um suposto erro de observação, do que lidar com pretensas formas perfeitas. A desconstrução e descaracterização presente, parte do volume tridimensional para além da forma plana, num processo em si mesmo circular. Não se trata da representação de plantas, como à primeira vista poderá parecer, são antes apontamentos da planificação do interior dessas formas tridimensionais.
Pedro Falcão
Pedro Falcão ST18 (da série Expulsão de Energia), 2006
210 x 160 cm
Se nas pinturas anteriores de Pedro Falcão o espectador era confrontado com um ambiente arquitectónico, formalmente minimalista, uma observação mais atenta conduzia ao reconhecimento da existência de pormenores construtivos que o autor identificava com letras do alfabeto. Nesse caso, os títulos das obras podiam ajudar a fazer a leitura. Letterscape – Paisagem de Letras (da série KBT) é um bom exemplo. O carácter formal e o modo como se sobrepunham e interceptavam as letras pintadas numa mesma cor sobre o que aparentava ser uma linha de horizonte insinuava esse mesmo engano. O trabalho que agora apresenta é muito diferente desta geometria tipográfica rigorosamente delineada. A contenção a que este trabalho obrigava levou o artista e enveredar por uma diferente opção onde a explosão das energias, anteriormente contidas, é sobremodo visível. A linearidade deu lugar à sinuosidade irregular, o carácter plano das superfícies à rugosidade empastada dos materiais. As referências são as mesmas, mas a analogia surge agora de forma mais diluída.
Susana Guardado/João Galrão e Pauliana Valente Pimentel
S/ título (da série Finalmente), 2006
Impressão digital sobre papel fotográfico
32 x 42 cm
Fotografa documental, apresenta com este projecto um olhar sobre a performance de travestis na discoteca Finalmente em Lisboa. À fotografa interessa não o lado decadente que esta actividade possa sugerir e que normalmente é explorado pelos média, mas o lado "bonito", glamouroso, o ritual da transformação. O contacto frequente com o meio levou-a a criar uma ligação de maior intimidade com algumas destas personagens. Esta relação de fascínio deu-lhe acesso não apenas ao palco, mas aos bastidores, à intimidade familiar e domestica, à sensibilidade, ao dia-a-dia, que fotografou sem saturar as personagens.
João Galrão
S/ título (da série Afterhours), 2006
Esferovite, gesso, gaze médica, massa mineral, plástico
(tampas e caricas), esmalte, verniz acrílico e luz
100 x 70 x 20 cm
Quando expôs individualmente pela última vez na Galeria Graça Brandão falei da dimensão discursiva das formas e que essa discursividade se prendia com o universo musical. Na exposição realizada
Susana Guardado
(da série Sign your name across my heart), 2006
Chumbo e tecido
25 x 25 x 15 cm
O projecto de Susana Guardado mantém o observador, que aqui ganha estututo participativo, no universo da música. A performance musical que apresentou aglutinou todos os projectos presentes no piso -1 da Sete. Na sua instalação, os corações colocados sobre almofadas delicadamente reflecte a importância da música como um dos elementos essências da sua vivência. Neles foram gravados alguns dos títulos de músicas que marcaram a discografia do século XX: Summertime, Bang Bang, Edelweiss, etc.
Links com interesse:
http://www.joaogalrao.blogspot.com/
http://www.artecapital.net/criticas.php?critica=38
http://afrontamentos.multiply.com/
http://www.lightstalkers.org/paulianavalentepimentel
www.myspace/paulianaphotographe
Créditos Fotográficos
as fotografias de Pedro Falcão e "Slow motion" de João Galrão que foram cedidas pela Galeria Sete e
as fotografias da série "Finalmente" de Pauliana Valente Pimentel cedidas pela própria artista
as fotofrafias de Célia Domingues foram cedidas pela própria artista
Etiquetas: célia domingues, crítica, fotografia, instalação, joão Galrão, Miguelangelo Veiga, pauliana valente pimentel, pedro falcão, Susana Guardado
21 novembro 2006
O VERBO é dos Artistas / Filipe Figueiredo
A reprodução de texto e imagens foi autorizada pelo fotográfo Filipe Figueiredo
30 outubro 2006
Mário Vitória - “SMVSEVM” na MCO (Porto)
O desenho, instrumento base deste projecto, gerador do imaginário que caracteriza as pinturas e gravuras de Mário Vitória, é da ordem do metafísico e está muito próximo da narrativa dos contos populares – na referência constante à tradição, usos e costumes – da sátira político-social ou mesmo da caricatura.
As referências são múltiplas, mas os Caprichos de Goya são talvez os mais próximos. Atingir o mais profundo âmago humano, a sua ontologia, a essência primitiva, naquilo que torna o Homem indistinto do Ser animal, parece ser o principal objectivo do artista. A representação de animais domésticos, que ora se exprimem em emoções e gestos humanos, ora na sua condição de bestas sob a dominação humana, o significado dos gestos ou a expressividade dos olhares, levam o espectador ao universo imaginário da fábula, das metáforas e das alegorias. Nas fábulas os personagens são geralmente animais que reflectem uma lição moral. Aqui a mensagem tem também um fundo moralista e é sobretudo o testemunho de experiências autobiográficas e de uma imagética consequência de uma pesquisa pessoal.
A vitória da debilidade sobre a força, da benevolência sobre a esperteza, o eterno confronto entre o bem e o mal, tudo mascarado por uma subtil violência, pela hipocrisia, presunção ou mesquinhez, transformam estes desenhos em drama irónico.
Várias noções são aqui analisadas. O homem, as coisas, os animais são antíteses das suas próprias propriedades. Enganam pela sua aparente ingenuidade. O espaço que ocupam na composição dita uma hierarquia de possibilidades interpretativas e são parte integrante de uma cosmogonia cujos elementos revelam um profundo sincretismo visual. O significado, esse, apenas, em parte, poderá ser descoberto. Enquanto representação, este imaginário, revela um significado que está para além do que é aparente.
Quer os desenhos-pintura, quer as gravuras, descrevem micro-narrativas fruto da sobreposição de diferentes contextos, episódios e situações, cujo carácter aleatório se revela um lúdico jogo de percepções.
As histórias descritas graficamente representam um mundo real e ao mesmo tempo repleto de fingimentos. Os vários protagonistas são inseridos na composição, que funciona como uma espécie de proscénio, obedecendo a uma ordem sequencial de acontecimentos. O bestiário humano espelha simultaneamente humanidade e crueldade. É nesse espaço fragmentado que tudo se manifesta: desconfiança, ambiguidade, perplexidade, a verdade da realidade e da ficção.
Uma noção de espaço pouco profundo delimitado por um cenário indefinido onde pessoas, animais e objectos se justapõem, e no qual estabelecem redes simbólicas de relações, define a estrutura base das composições. O mesmo espírito preside nas gravuras, mas a sua reduzida dimensão e uma aparente simplificação narrativa elimina esse suporte, transformando-o num vácuo onde o representado parece errar espontaneamente. A centralidade compositiva dos desenhos-pintura é aqui substituída por uma dispersão do figurado.
O facto de não terem sido atribuídos quaisquer títulos a estes desenhos vem reforçar a ideia de uma autonomia interpretativa que qualquer nomeação destruiria e que a dimensão narrativa das imagens, por si só, potencia.
A inexistência de linhas que conduzam a uma leitura do enunciado levam o observador, a partir dos fragmentos figurativos, a delinear os contornos dum enredo que pode estar ou não próximo das intenções do artista. No entanto, a perfusão de elementos, aparentemente desconexos e dispersos na composição constitui um importante ponto de referência para a construção de possíveis analogias. É a composição que rege toda a panóplia de afinidades que os desenhos suscitam.
Tratam-se de narrativas, mas nelas não domina qualquer sequência linear, pelo contrário, a sensação de que o autor faz permanentes avanços e recuos, conduz-nos do fim para o princípio e deste para o final da história. Os retrocessos e avanços são permanentes e jamais consequentes. Em sentido figurado, as notas de rodapé, os complementos directos e indirectos fazem parte de um discurso que se pretende plural e nunca enumerado.
Série
Um Universo de Vácuo Inquietante
[todas as fotofrafias foram cedidas pelo artista # Mário Vitória]
13 setembro 2006
O VERBO é dos Artistas / Célia Domingues
Tudo pela Pátria, 2002
Sobre o Projecto
O projecto parte de uma pesquisa em torno dos movimentos femininos criados durante a ditadura salazarista. Em 1937, fundada pela Organização das Mães pela Educação Nacional (OMEN), surge a Mocidade Portuguesa Feminina (M.P.F.), instituição que posteriormente se autonomiza e tem como objectivo a formação nacionalista das jovens. A sua meta é a educação das futuras mães da pátria, a mãe que será responsável pelo “Homem Novo”. A M.P.F. instala-se nas escolas, impondo a todas as jovens estudantes a inscrição e o respectivo pagamento de quota. Só em 1971 os centros da Mocidade Portuguesa Feminina se transformaram em “associações nacionais de juventude abertas à adesão nacional”. As militantes eram divididas por escalões de idade e entre as muitas vertentes formativas era possível encontrar o ensino das malhas, das rendas, dos bordados, do corte e da costura. Existiam também diversas publicações destinadas ao público feminino, entre as quais se destaca a “Lavores e Trabalhos Manuais”, dirigida a jovens estudantes, particularmente do ensino liceal. Aqui era possível encontrar mapas de lavores femininos e textos sobre os bordados tradicionais. Nesta instalação, a autora copia o desenho original de um tapete de Arraiolos, bordado pela sua tia na aldeia de São Gregório, em pleno Alentejo, e cria uma peça em esponja, onde reinterpreta o conceito do tradicional ‘Arraiolos’.
Título: “Tudo pela Pátria”
Ano: 2002
Dimensões: Tapete 0,02mX3mX4m, fotografias 0,2mX0,3m, mapas 0,8mX1m, área de instalação variável
Materiais: Tinta de água, esponja, fotografia, papel
nº4 interior izquierdo, 2002
Sobre o Projecto
Um trabalho centrado na casa onde a autora viveu durante a sua estada em Madrid, no âmbito do programa ‘Erasmus’. Esta é uma casa de uma mulher já idosa, espaço que incorpora o que no momento envolvia a pesquisa da autora: as relações entre os movimentos femininos de Portugal e Espanha. As imagens apresentadas são, em grande parte, tomadas de posições a que um comum visitante não poderia aceder. À medida que o espaço é mostrado em diapositivos, uma gravação áudio conta o que se ficciona sobre a vida da dona desta casa. Esta ficção é inspirada em relatos (escritos ou orais) de mulheres portuguesas e espanholas.
Tìtulo: “Nº4 Interior Izquierdo”
Ano: 2002
Dimensões: Área de instalação variável
Materiais: Diapositivos e gravação áudio
S/t, 2002
Sobre o Projecto
Uma viagem que começa em Lisboa rumo ao sul do País, Évora, local onde a família da autora se reúne para mais um almoço. Neste simples encontro de família, as pessoas organizam-se por sexo e idade. Toda esta acção acompanha um outro acontecimento apresentado em texto, no qual é descrito um episódio histórico que teve lugar no Parque Eduardo VII, em Lisboa: a primeira tentativa de revolução feminina do pós 25 de Abril. Nesta tentativa fracassada, três mulheres – as protagonistas – tentaram queimar vassouras, panos do pó e soutiens, símbolos de opressão feminina a que queriam pôr fim. Com muitos homens presentes no local, a manifestação terminou sem que fossem cumpridos os objectivos: perseguidas pelos espectadores masculinos que gritavam “Dispam-nas, dispam-nas”, às mulheres nada mais restou além da fuga.
Título: “Sem Título”
Ano: 2002
Materiais: DVD
Código de seabra, 2003
Sobre o Projecto
O Código de Seabra era o Código Civil Napoleónico de 1867, que na sua legislação discriminava a mulher em “razão do sexo” e “em razão da família”. Em 1910 sofreu pequenas alterações, benéficas para a mulher, mas na entrada do novo Código Civil, em 1939, tudo o que tinha sido suprimido, regressa. Segundo o Código de Seabra, a esposa devia prestar obediência ao marido. A separação do casal só era possível no caso de “adultério da mulher”. Contudo, para o homem, só em caso de “adultério do marido com escândalo público” seria admitida essa hipótese. Este decreto foi abolido pela Lei do Divórcio, em 1910, mas em 1935, por forte imposição de deputados católicos, o divórcio deixa de ser possível por mútuo acordo e volta a entrar em vigor a lei segundo a qual o divórcio era concedido apenas em função do adultério (no caso do homem só com escândalo público). O retrocesso imposto pelo regime salazarista reintroduziu no Código Civil de 1939 o humilhante poder concebido ao marido de requerer judicialmente a mulher, o que implicava que se a mulher fugisse de casa, o marido podia exigir junto da polícia que esta lhe fosse entregue/restituída, como um objecto. Esta lei só foi abolida em 1967. Nesta instalação, são apresentadas quatro projecções de slides, cada uma delas com uma sequência de imagens. Na primeira, a autora dá a ver uma série de fotografias do seu álbum pessoal, imagens que ilustram momentos vividos em família, na antiga casa da sua bisavó, numa pequena aldeia do Alentejo, bem como o casamento dos seus pais, realizado em Évora. Na projecção seguinte, a autora apresenta fotografias da mesma casa da sua bisavó, mas agora captada no presente (2003 é o ano da realização dessas imagens). A terceira projecção apresenta fotografias do casamento de uma amiga, em 2002. Por último – o único espaço exterior que se apresenta em toda a instalação – fotografias do local onde se encontra a casa da bisavó da autora: São Gregório, uma pequena aldeia no meio do Alentejo, quase deserta, com características semelhantes a grande parte das aldeias desta região.
Título: “Código de Seabra”
Ano: 2003
Dimensões: Área de instalação variável
Materiais: Slides e gravação áudio
Local de encontro, 2004
Sobre o Projecto
“Local de Encontro” surge no contexto do Euro 2004 e está inserido no projecto colectivo “Selecção Nacional”, no qual uma bola de futebol é o ponto de partida para todos os artistas convidados. A partir da ‘sua' bola de futebol, a autora concebeu um tabuleiro de xadrez onde as equipas são constituídas por figuras de açúcar. O tabuleiro é o ‘local de encontro’ onde o jogo é disputado e o ‘rei’ e a ‘rainha’ dirigem cada uma das equipas.
Titulo: “Local de encontro”
Ano: 2004
Dimensões: Variáveis
Materiais: Bola de futebol, tintas spray, bonecos de açúcar
Ama de Casa, 2004
Sobre o Projecto
Durante a ditadura salazarista e franquista nasceram em Portugal e Espanha organizações femininas que tinham como função educar as mulheres, as futuras mães da pátria. Dirigidas pelas respectivas elites femininas, enquadradas no contexto político que se vivia em cada um dos países, existe entre as organizações portuguesas e espanholas uma série de pontos em comum. Como exemplo, na informação dirigida ao público feminino, em Portugal, encontram-se revistas como “Modas e Bordados” e “Secção Feminina”, assim como em Espanha se podia encontrar “Y”, “Medina”, “Teresa”, entre outras. Entre muitas receitas culinárias ou conselhos para o lar e para a família, é veiculada informação sobre como reutilizar objectos em desuso ou que por algum motivo pudessem existir em excesso no lar. Reutilizar pode fazer com que um vestido velho se transforme numa nova saia ou que as simples molas da roupa ganhem outras funcionalidades como, por exemplo, prender os cortinados da sala. Com base na reutilização dos objectos, surge a ideia de realizar um tapete em caramelos, doces tradicionalmente adquiridos por portugueses nas suas viagens a Espanha, a partir de um pequeno pano de renda feito pela mãe da autora.
Título: “Ama de Casa”
Ano: 2004
Dimensões: 2mX2m
Materiais: Caramelos, cordão e arame
Uma rede de soluções, 2004
Sobre o projecto
«Um projecto desenvolvido a partir da empresa Phaldata, uma empresa de sistemas de comunicação dividida por vários sectores, desde a oficina, onde se arranjam computadores, passando pelo armazém, onde se encontram as peças que constroem todo o sistema informático, até ao gabinete do director, no primeiro andar. Em “Uma rede de soluções” são fotografados alguns desses espaços – uns aparentemente mais interessantes do que outros – assim como os lugares que as secretárias e os executivos ocupam. No final, a autora optou por centrar a sua atenção no armazém da Phaldata, lugar à partida inacessível a quem está de visita, mas que acaba por revelar-se fundamental na dinâmica da empresa.»
Título: “Uma rede de soluções”
Ano: 2004
Dimensões: 0.53mX0.80m e 0.46mx0.70m
Material: Fotografia
“Uma rede de Soluções”foi comissariada por Luísa Soares de Oliveira, na sala Phaldata.
Campo mártires da pátria 2005
Sobre o Projecto
Uma casa apenas com os vestígios do que em tempos foi a vivência desse espaço. Uma família desconhecida, como desconhecidas são também as ‘estórias’ de quem ali habitou. A partir do acesso ao que restou dessas existências – o espaço em si, os objectos, os livros, as revistas, os jornais – a autora cria ‘a sua ideia’ da família que pode um dia ter habitado esta casa. Entre um número infinito de jornais, destaca-se uma série de revistas femininas, como “Crónica Feminina” (publicação em tempos considerada fundamental para a educação das mulheres), e livros como “O Vício Conjugal”, onde se fala sobre as relações sexuais que não têm como objectivo procriar, entendidas ali como relações tão criminosas quanto o aborto em si mesmo. Construir a identidade de uma família a partir do espaço por ela habitado foi a principal motivação da autora.
Título: “Campo Mártires da Pátria, nº 100, 1º Dto”
Ano: 2005
Dimensões: Variáveis
Material: Diapositivos
S/t 2006
Sobre o projecto
«Uma questão portuguesa que podia ser uma preocupação de todos e não apenas do sexo feminino, desde sempre penalizado por lei, o aborto continua ainda hoje a ser motivo para condenar mulheres e intervenientes responsáveis em Portugal. Nesta situação nunca houve nenhum tipo de evolução ao longo dos tempos em Portugal. “O aborto causas e soluções” enuncia que entre 1912 e 1923 o numero de condenações não chegou a dez, embora tenha depois aumentado, em 1923 -1930 houve no total vinte condenações. A legislação para o aborto continuou a condenar as mulheres durante o Estado Novo, quem levasse uma mulher grávida a abortar com ou sem o seu consentimento, seria punido com pena de prisão entre dois a oito anos, esta pena era aplicada ao médico, cirurgião ou farmacêutico e á mulher que abortasse voluntariamente, contudo, em Portugal nos ultimos anos, mais especificamente desde 2002, com o julgamento de uma enfermeira e dezassete mulheres na Maia, retomou-se um ritual existente á algumas décadas atrás. Apesar de nos encontrarmos no séc. XXI, Portugal continua a condenar mulheres, enfermeiras e médicos que se envolvem na realização de abortos, resultantes da consciência individual. Curiosamente a lei que vigora em Portugal e que permite a realização do aborto mediante algumas excepções, é praticamente idêntica à que vigora em Espanha. As excepções são: em caso de violação, em caso de perigo de vida para a mulher, má formação do feto e se estiver em risco a saúde mental da mulher. Leis semelhantes, pressupostos idênticos, nos jornais portugueses anunciam-se as clinicas que realizam abortos em Espanha, porque ai o risco de serem julgadas e acusadas é menor. Contudo as mulheres espanholas, não correm esse risco e deslocam-se a Inglaterra. Portugal e Espanha foram durante muitas décadas regimes ditatoriais, “aprenderam” desde tenra idade o que são os valore patriarcais. Como se deve comportar uma menina e um menino, qual a posição do homem e da mulher no casamento, a função do pai e da mãe dentro da família. Tudo isto leva a que em ambos ao países permaneçam uma serie de resquícios resultantes desse período, o aborto, pode ser um dos muitos que encontramos em Portugal e Espanha. Acreditamos que em nome do bem da nação devemos preservar a vida, porque é realmente um bem precioso, mas à que ter em conta as condições em que se concebe uma vida, será coerente trazer ao mundo uma criança para a dar para adopção? Será coerente trazer uma criança ao mundo sem condições para a criar? Será coerente trazer ao mundo uma criança em que a mãe não se sente preparada para o ser? Estas são algumas das questões que me coloco, não querendo definir o que é correcto ou incorrecto, bem ou mal, mas sim o que é de domínio publico ou privado com que direito julgamos e condenamos alguém por ter livre arbítrio sobre o seu corpo? Quantas mulheres estariam presas por o terem praticado?
Contudo no decorrer do projecto um dos principais pontos que me interessou desenvolver na instalação é a relação que se estabelece entre o espaço privado e o espaço publico. Pois as mulheres que passam pela experiência de realizar um aborto clandestino em Portugal veem muitas vezes a sua privadicade invadida por uma moral conduzida pela religião. Que define o que é o certo ou o errado, o bem e o mal preservando e cultivando que o livre arbitrio sobre o corpo da mulher grávida pode ser criminoso qd esta decide que não pode ter uma criança seja por que motivo for. A instalação é dividida em duas partes; uma delas o que se supõe ser um espaço exterior á casa, um poço que é construido com os sacos (ou sacas) usados para construir trincheiras, ou para proteger as casas das cheias. Ao lado deste poço existe um balde construido com enemas, objectos utilizados para realizar abortos clandestinos pelas intituladas “tecedeiras de anjos”, como a que vemos no filme “Vera Drake” realizado por Mike Leigh. Na outra parte do espaço existe um tapete, estamos num espaço interior, um espaço privado onde tb temos acesso ao espaço privado do ac, a cozinha. E aqui, ao lado da cozinha existe um tapete, no que se supõe ser a sala, feito em tesouras. Um tapete que normalmente é usado para dar conforto ao lar aqui é usado (quase) como uma “armadilha”.
Materiais: Enemas, tesouras, sacos e areia.
Dimensões: Variáveis
S/t 2006
[todas as fotofrafias e textos foram cedidas pela artista # Célia Domingues]