02 abril 2006

Ana Pérez-Quiroga - Narrativas

CV
Ana Pérez-Quiroga nasceu em Coimbra em 1960. Vive e trabalha em Lisboa. Licenciatura em Escultura, Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e Frequência do Mestrado em Artes Visuais – Intermédia na Universidade de Évora. Exposições individuais: (2005) Quem tem telhados de vidro não atira pedras, Plataforma Revólver, Lisboa; Antes Morta Que Burra, Casa d’Os Dias da Água, Lisboa; Vedute, Álvaro Roquette, Lisboa; Image Tanger, Salão Olímpico, Porto; Image Tanger, Villa Leon L’africaine, Tanger, Marrocos. (2004) Natureza Morta: Caixas, Barros, Flores e Auto-Retrato, sala 1, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa. (2003) E, Casa d’Os Dias da Água, Lisboa, 2002 Diz que me amas, Galeria Filomena Soares, Lisboa. (1999) Breviário do Quotidiano #2, Loja do Museu do Chiado - Museu Nacional de Arte Contemporânea, Lisboa. Exposições colectivas (selecção): (2005) Radicais Librés, Santiago de Compostela, Espanha; (2004) 1980- 2004 Actualidade Artística nas Colecções do Museu do Chiado, Museu Francisco Tavares Proença Junior, Castelo Branco. Curator: Emília Tavares; (2003) Bienal da Maia 2003 Continuare - trabalhos da colecção IAC / CCB, mais doze, Maia. Curator: Jürgen Bock; (2002) Comer o no Comer, CASA - Centro de Arte de Salamanca, Salamanca. Curator: Darío Corbeira; Círculo F, CAPC, Coimbra; Under surveillance / Sob vigilância, Museu da Fábrica da Pólvora, Barcarena. Curator: Nuno Alexandre Ferreira; Disseminações, Culturgest, Caixa Geral de Depósitos, Lisboa. Curator: Pedro Lapa; (2000) Bolseiros e Finalistas AR.CO 2000, Fábrica Nacional de Cordoaria, Lisboa. Curator: Manuel Castro Caldas; Olhar da Contemporaneidade, Festas da Cidade, Palácio Pancas Palhas, Lisboa. Curator: Elídio Pinho; (1999) Quartos, Chambres, Zimmers, Rooms — águas correntes no convento de S.Francisco — Exposição de Finalistas de Escultura, FBAUL, Lisboa.


Sinopse
«Conferência dos Pássaros

(…)
Abriram-lhes a porta. Abriram-lhes ainda cem cortinas. A mais viva luz brilhou.
Contemplaram finalmente o Simorg, e viram que o Simorg era eles mesmos -
- e que eles mesmos eram o Simorg.
Quando eles olhavam o Simorg, eles viam que era bem o Simorg.
E se eles retornavam o olhar sobre si mesmos,
eles viam que eles próprios eram o Simorg.
Eles não formavam na realidade senão um único ser.
Nunca ninguém no mundo tinha ouvido nada semelhante.
Os pássaros imobilizaram - se lentamente na presença do Simorg -
- deles próprios.
Sem compreenderem nada, eles questionaram o Simorg,
não se serviram da língua.
Perguntaram-lhe qual era o grande segredo.
Então o Simorg disse-lhes, sem ter utilizardo tão pouco a língua:
"o sol da minha majestade é um espelho.
Aquele que se vê nesse espelho, aí vê a sua alma e o seu corpo.
Vê-se nele por inteiro. Fossem vocês trinta ou quarenta,
vocês veriam trinta ou quarenta pássaros nesse espelho".
Então os pássaros perderam-se para sempre no Simorg.
A sombra confundiu-se com o sol, e pronto.
O caminho fica aberto, mas já não há nem guia, nem caminhante.

Poema sufi persa do século XII
de Farid Ud-Din Attar

Attar viveu no séc. XII na Pérsia, em Neshapur, a cidade de um outro poeta célebre, Omar Khayyam. Herdou do pai um comércio de perfumes e nessa loja onde passou grande parte da sua vida, escreveu quase toda a sua obra.
Este poema, longo de quatro mil seiscentos e quarenta e sete versos tem por tema o pássaro que se liberta das armadilhas e peso do mundo para voltar para o seu verdadeiro rei. Trata-se de uma verdadeira viagem pois a alegoria nunca apaga a precisão terrestre das personagens nem dos objectos. Mas é também uma travessia das aparências, uma viagem iniciática ao encontro de nós mesmos. É um “Mistério”, como os que se celebravam em Elêusis ou no Egipto.
No fim da sua obra, muito consciente do seu génio, Attar escreveu “Aquele que não sentiu o perfume do meu discurso não teve o mínimo acesso no caminho dos amantes”. »





































A conferência dos pássaros, 2006
técnica mista
dimensões variáveis