09 maio 2006

Susanne Themlitz - O Estado do Sono

























Escultura integrante da instalação de Susanne Themlitz. Fotografia: Thomas Bock

Em Temps et Récit, Paul Ricoeur aprofunda a questão do acto narrativo e a relação particular entre as noções de narrativa e temporalidade. Guardiã do «tempo», a narrativa é uma experiência temporal que apenas pode ser contada. O processo narrativo e a experiência temporal são duas categorias que fazem parte do discurso plástico ensaiado por Susanne Themlitz na instalação que apresenta na Galeria CGD da Culturgest no Porto. Ao entrar no amplo espaço da exposição, o espectador é subitamente confrontado com uma sensação antagónica de estranheza e familiaridade. O acervo caótico de objectos, seres, utensílios de trabalho, andaimes rudimentares que se erguem sem destino ou função aparente, contribui para a construção de múltiplas narrativas que num movimento de zapping visual podem ser observadas. (...) As reinvenções do corpo são permanentes. No fundo, a artista constrói um universo que opera no imaginário onde a personificação dos objectos se confunde com a objectualização de seres andróginos. É esta tensão que anima o aparente desequilíbrio e fragilidade que se sente nas estruturas, cuja inverosimilhança apenas pode remeter para um diferente estado de vigília. Tendo presente alguns dos projectos anteriormente desenvolvidos pela artista[1], noções de individualidade, solidão, anonimato, privacidade e marginalidade mantêm-se efectivas na instalação agora apresentada. Todas as actividades humanas são de facto um estabelecimento de relações. Narrativas, imagens e gestos constituem modos do Homem se relacionar com o mundo e consigo próprio.

[1] Galeria dos Solitários, Carracundos e Ensimesmados (1997-2001), Solitários Inofensivos (2001), Da vida privada dos Parasitas Marginais e Dissimuladores (2001), Modus Vivendi. Genus Mutabile Criaturas Venatórias Anónimas (2003) Rivais Arraianos Anónimos (2003).

http://www.anamnese.pt/index2.php

O texto na integra pode ser consultado na revista on-line ARTECAPITAL
http://www.artecapital.net/criticas.php?critica=17

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